domingo, 10 de maio de 2020

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AULA 4

Titulo:Cama de Gato 
Público Alvo : A partir  de 11 anos 
Descrição da Atividade :Movimentar - se entre fios , achando espaços para colocar o corpo, modos de pisar no chão, distribuindo o peso , buscando equilíbrio , utilizando apoios de mãos e pés.











Material que pode ser utilizado para construir a "cama de gato"  barbante ou elástico .No chão constrói um desenho que lembre o mapa do Brasil  , esse e para os pés e mãos , para trabalhar planos ,baixo ,médio e alto , amarra o elástico ou barbante em vários locais de algum cômodo , como no vídeo do link ( com concordância dos pais ou adulto responsável)e se movimenta por entre os espaços criados .observar- se neste movimentos ,perceba os apoios , a movimentação da coluna vértebral.observar-se como um bicho na mata ou como um ator no palco solo  em casa .Se não tiver o material sugerido ,sem problemas, inventa espaços imprevistos na sua casa para se movimentar.


AULA 5

Título "Auto do circo"
Público alvo a partir de 11 anos
Descrição da atividades: Para essa semana trouxemos um verdadeiro e genuíno texto teatral do grande dramaturgo Luis Alberto de Abreu. É um fragmento de uma cena só, com 2 páginas. Pedimos que leiam este texto e depois assistam a um fragmento do “Auto do circo”, com a Cia Estável  de teatro. E alguém se apaixonar pelo texto, só pedir que enviamos  o texto completo para ler.

Segue o link abaixo para que assistam a um fragmento da peça "O auto do circo"

https://www.youtube.com/watch?time_continue=8&v=iV7wQGhd7is&feature=emb_logo



O AUTO DO CIRCO


De Luís Alberto de Abreu







Texto escrito especialmente para a Cia Estável de Teatro para a direção de Renata Zhanetta









AUTO DO CIRCO
                                    


Prólogo   
VOZ    Ximbeva! Ximbeva! (XIMBEVA PÁRA ASSUSTADO E PROCURA A ORIGEM DA VOZ) Aqui, Ximbeva. (XIMBEVA PROCURA) Dentro de você! (XIMBEVA

APALPA A CABEÇA) Não na cabeça! (XIMBEVA APALPA A BARRIGA) Aí, não! (DESCONFIADO APALPA A BUNDA. VOZ FALA IRRITADA) No coração, sua besta!

Sou a voz da sua consciência! (XIMBEVA SORRI) Tenho acompanhado com que carinho você trata Coscorão, esse velho palhaço, que tantas glórias deu ao circo,

alegrou tantas platéias, fez rir tantas crianças (XIMBEVA BEIJA A CARECA DE COSCORÃO, COSPE SOBRE ELA E LUSTRA) e, agora está aí, entrevado, incapaz,

carregando o fardo, a sina que Deus lhe deu... (XIMBEVA SUSPIRA E CHORA) Foi ele que lhe ensinou a profissão de palhaço, não foi? (XIMBEVA FAZ GESTO

AFIRMATIVO) Era severo, disciplinador, dava-lhe uns cascudos de vez em sempre, era carrasco mesmo! (XIMBEVA COM RAIVA DÁ UM TAPA NA CABEÇA DE

COSCORÃO, ARRANCA-LHE CABELOS DA CARECA E, TRANSTORNADO, MORDE A CABEÇA DE COSCORÃO) Mas bem que foi ele que lhe acolheu quando lhe

abandonaram, recém-nascido, na entrada do circo, numa caixa de sapato: nu, feio, zoiúdo e cagão! Ele lhe alimentou, ninou, limpou a bunda!  Você era filho da mãe-

rua e não quero nem imaginar quem foi seu pai! (XIMBEVA DEPOIS DE UM MOMENTO DE ESPANTO, INQUERE COM GESTOS A VOZ) É isso, mesmo! Naquele

tempo você já era o que continua sendo até hoje: um traste, cacaréu sem préstimo, ruim até de se jogar fora! Um couro de bruaca velha que não vale a tira rebentada

de uma chinela havaiana gasta! E tem mais! Muito mais... (ENQUANTO A “VOZ” FALA XIMBEVA DEPOIS DE OLHAR PARA AS COXIAS, FAZ SINAL DE “AGUARDE”

AO PÚBLICO E SAI. OUVE-SE BARULHO E GRITO DA “VOZ” DO MICROFONE. XIMBEVA VOLTA ORGULHOSO, LIMPANDO AS MÃOS. OLHA COSCORÃO, APONTA-O EMOCIONADO, E SE SACODE COMO SE ESTIVESSE CHORANDO EM SILÊNCIO. DEPOIS, OLHA-O DE SOSLAIO, FAZ BEIÇO IRRITADO E APLICA-LHE UM CASCUDO.)

XIMBEVA    (AO PÚBLICO) Se estão com dó é porque não sabem o que eu passo! Estou preso a esse traste como agulha e linha, mão e luva, unha e carne, cu e calça!
COSCORÃO    (SEM SE MOVER ) Eu sou a  calça!
XIMBEVA    Há anos! Há anos cuido, levo pra passear, ponho no sol pra tirar o mofo, lavo e limpo! E esse velho desgraçado come o mesmo que todo mundo, mas não sei mistério da natureza se esconde nas tripas desse homem que desanda tudo o que cai ali! Aquilo é um sorvedouro e manjar fino, bebidas aromáticas, sobremesas delicadas, tudo vira gás pestilento! Até água benta! Já dei pra ele beber chá de jasmim, água de rosas, cândida, ajax pra ver se limpava a tubulação, mas não teve jeito! Quem quiser, eu dou dado de papel passado! Mas quem quer?!  Já esqueci, sem querer, três vezes, mas paradas do circo, mas o povo vem sempre devolver! (COSCORÃO ESPREGUIÇA-SE E BOCEJA ACORDANDO)
COSCORÃO    (AO PÚBLICO) Boa noite... mas só pra quem merece! E que não devem ser muitos!
 XIMBEVA    Ih, começou!
COSCORÃO    Enquanto o Ximbeva cala a boca, de onde não sai coisa que se aproveite, eu digo pra vocês que isso aqui é um circo de respeito  e respeito é uma qualidade rara e nunca é demais! Quero que vocês todos, sem exceção, se divirtam... quando for a hora! Detesto, odeio risadas na parte do drama da mesma forma que tenho ojeriza de seriedade na hora da comédia!
XIMBEVA    Eu aviso quando for uma ou outra. Agora, por exemplo, é a parte cômica! Esperem só o drama pra ver!
COSCORÃO    Pra quem ainda não sabe, sou o palhaço Coscorão, dono deste circo, da lona, dos aparelhos, das cadeiras onde vocês estão sentados...
XIMBEVA    Do mau humor...
COSCORÃO    (INTENCIONAL) Dos animais! Sou de tradicional família circense, um dos poucos ainda na ativa que fazem o legítimo espetáculo circense... e o que vocês irão assistir, muito comportados e respeitosos é a história da minha família que mistura nobres franceses...
XIMBEVA    Ciganos da Hungria...
COSCORÃO    com aristocratas italianos...
XIMBEVA    rueiros da Calábria...
COSCORÃO    artistas da Inglaterra...
XIMBEVA    vagabundos da Saxônia...
COSCORÃO    Os mais admiráveis artistas dos palcos e picadeiros...
XIMBEVA    Saltimbancos de rua, atores de cabaré, cantores de feira...
COSCORÃO    Que vieram ao Brasil no século XIX, a convite do próprio imperador D. Pedro II!
XIMBEVA    Vieram ao Brasil socados no fundo de um porão de navio que Europa no século XIX era uma miséria só. Mas tudo isso é só meia verdade porque Coscorão era, mesmo, filho de um peludo que se agregou ao circo nas andanças pelo Brasil!
COSCORÃO    Dobre a língua, tome banho e bote gravata para falar da minha família!... (COSCORÃO PÁRA O GESTO NO AR E OLHA PARA XIMBEVA COM AR ALHEIO)
XIMBEVA    Pronto! ´tava demorando! A memória de Coscorão está com a pilha gasta e seu cérebro está com problema no arranque!
COSCORÃO    Do que é que eu estava falando? Tenho frio nas pernas! Anda, Ximbeva, me leve pro sol!
XIMBEVA    Ximbeva isso, Ximbeva aquilo! Lá vamos nós! (EMPURRA A CADEIRA DE RODAS) Essa é a vida de Ximbeva: olhar e cuidar do velho palhaço.
COSCORÃO    (AO PÚBLICO) Esta é a vida de Coscorão: alinhar e dar sentido às poucas e caras lembranças que lhe restam. E todas elas são de circo.  (SÚBITO, GRITA PARA XIMBEVA) Pára! Que é aquilo que eu estou vendo? (APONTA PARA UMA MULHER QUE ENTRA NO PALCO ARRASTANDO UM BAÚ)
XIMBEVA    Não moro na sua cabeça! Sei lá que diabo de alucinação você está vendo agora.          
COSCORÃO    Uma bela mulher de chapéu... com xale e um camafeu no peito.
XIMBEVA    Puxando um baú? É sua avó quando ainda não era sua avó. chegando ao porto do Rio com a família! Todo dia você lembra a ma coisa! (XIMBEVA EMPURRA A CADEIRA DE RODAS COM COSCORÃO PARA FORA)




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